HUGO, Victor (1802–1885). Os trabalhadores do mar (Abril Cultural, São Paulo, 1982).
DESCRIÇÃO
HUGO (Victor) [1802-1885].— Victor Hugo // OS // TRABALHADORES // DO MAR // Tradução de Machado de Assis // [Marca do editor: árvore estilizada dentro de um retângulo] // 1982 // EDITOR: VICTOR CIVITA.— In-8.º., 420, [2] p. E. editorial.
Um dos maiores representantes do Romantismo francês, Victor Hugo construiu uma obra marcada pela imaginação poderosa, pela crítica social e pela exaltação da luta humana diante da injustiça e do destino. Autor de clássicos como Notre-Dame de Paris e Os Miseráveis, destacou-se igualmente como poeta, dramaturgo e figura política, fazendo da defesa da dignidade humana o eixo central de sua criação. Ao longo de uma produção vastíssima — que abrange romances, poesia, teatro e textos de intervenção pública — abordou temas como liberdade, miséria, fé, amor e heroísmo. Os Trabalhadores do Mar pertence ao período do exílio nas Ilhas do Canal, fase em que Hugo atinge alguns de seus momentos literários mais intensos, unindo a dimensão épica à profundidade moral e simbólica de sua escrita.
Publicado em 1866, o romance nasceu da convivência direta de Hugo com o mar das Ilhas do Canal, onde viveu durante seu exílio. A narrativa combina aventura, drama psicológico e simbolismo, explorando a solidão, a coragem e o confronto entre o homem e as forças indomáveis da natureza. É também uma história de amor e sacrifício, marcada pela atmosfera austera e ao mesmo tempo poética das paisagens marítimas que inspiraram o autor.
O trecho a seguir apresenta Mess Lethierry em toda sua complexidade: um homem de grande coração, marcado pela confiança absoluta na própria palavra, pela fé peculiar e por uma coragem que beira a obstinação. Hugo mostra a forma como esse personagem encara o mundo — e especialmente o mar — com força, franqueza e certa rudeza que revela grandeza interior:
« Mess Lethierry tinha o coração nas mãos; mãos largas e coração grande. O defeito dele era a admirável qualidade da confiança. Tinha uma maneira especial de contrair uma obrigação; era solene: ‘Dou a minha palavra de honra a Deus.’ Dito isto, cumpria a promessa. Acreditava em Deus, e nada mais. Ia poucas vezes à igreja, e isso mesmo, por cortesia. No mar, era supersticioso.
Nunca houve, porém, tempestade que o fizesse recuar; e que ele era pouco acessível à contradição. Não a tolerava, nem num homem, nem no oceano. Queria ser obedecido; tanto pior para o mar se resistia; tinha que lutar com ele. » (p. 52).
Edição da Abril Cultural, publicada sob a direção de Victor Civita, integrada à coleção Obras-Primas. Conforme declara a própria edição, o texto de Os Trabalhadores do Mar utilizado neste volume foi estabelecido a partir da segunda edição da tradução de Machado de Assis, publicada em três volumes pela Tipografia Perseverança, no Rio de Janeiro, em 1866, e registrada no Dicionário Bibliográfico Brasileiro de Augusto V. Alves Sacramento Blake (vol. IV, p. 197, Imprensa Nacional, Rio, 1898). A edição informa ter atualizado apenas a ortografia e corrigido alguns erros tipográficos evidentes. O exemplar de 1866 — descrito pelo editor, à época, como « hoje em dia bastante raro » — foi gentilmente cedido, em cópia xerográfica, pelo Dr. Plínio Doyle, o que permitiu a reprodução do texto.
O volume apresenta capa dura vermelha com rica decoração em dourado, lombada igualmente dourada e guardas ilustradas com motivos marítimos. Corte superior dourado preservado - apresentando apenas alguns pequenos pontos de oxidação e desbotamento. A capa permanece firme e bem preservada, com dourações nítidas; apresenta apenas discretas marcas de manuseio nas pontas inferiores, onde se observa um pequeno amassado na capa anterior e outro na posterior. O miolo está limpo, sólido e sem anotações, com páginas uniformes e apenas leve amarelecimento natural do tempo. Encadernação estável, sem folgas ou danos estruturais. Sem assinaturas, marcações ou carimbos. 1982.
IDIOMA
Português
DIMENSÕES
Altura: 23 cm
Largura: 16 cm



