Memórias póstumas de Brás Cubas · Dom Casmurro

Machado de Assis

Abril Cultural

1982

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R$ 150,00
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Descrição Completa

MACHADO DE ASSIS (Joaquim Maria) [1839-1908].— MACHADO DE ASSIS // MEMÓRIAS PÓSTUMAS // DE BRÁS CUBAS // [*] // DOM CASMURRO // [Marca do editor: árvore estilizada dentro de um retângulo] // 1982 // EDITOR: VICTOR CIVITA.— In-8.º de 346-[347]. E. editorial. 

Joaquim Maria Machado de Assis, romancista, poeta, cronista e dramaturgo, é amplamente considerado o maior escritor brasileiro e um dos grandes nomes da literatura mundial. Fundador e primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras, construiu uma obra marcada pela sutileza psicológica, pela ironia refinada e pela investigação das ambiguidades humanas. Seu estilo inovador rompeu com o romantismo predominante e inaugurou uma narrativa moderna, repleta de recursos como a metalinguagem e a quebra da linearidade.

O volume reúne dois marcos fundamentais da literatura machadiana: Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881) e Dom Casmurro (1899).

Em Memórias Póstumas de Brás Cubas, Machado inaugura o realismo no Brasil com um narrador inusitado — o defunto-autor, que relata suas memórias a partir do além. O romance rompe com a linearidade narrativa tradicional e explora temas como a vaidade humana, a hipocrisia social e a fragilidade da existência, combinando humor mordaz e reflexão filosófica. 

Antes mesmo de iniciar a narrativa, Machado de Assis surpreende o leitor ao subverter a tradição das dedicatórias. Em vez de homenagear uma figura respeitada ou um ente querido, o autor escolhe um destinatário insólito: o verme que consumirá seu corpo. Com isso, ele introduz de forma imediata o humor ácido e o olhar desencantado que marcarão todo o romance.

« Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver dedico como saudosa lembrança estas Memórias Póstumas.”
(p. [13]).

Essa dedicatória inaugura o pacto irônico entre narrador e leitor. A evocação da morte, tratada de maneira quase banal, já evidencia a ruptura com o romantismo e sinaliza a irreverência do narrador Brás Cubas. O tom fúnebre é atravessado pelo sarcasmo, revelando um olhar lúcido e cruel sobre a existência, que é ao mesmo tempo profundamente filosófico e literariamente inovador.

Já Dom Casmurro aprofunda a investigação psicológica ao narrar, em primeira pessoa, a história de Bento Santiago. Assombrado pelo ciúme em relação a Capitu, sua companheira de infância e esposa, o narrador constrói um relato marcado pela dúvida e pela desconfiança, que lança o leitor em um dos maiores enigmas da literatura brasileira: teria Capitu sido infiel? A força da obra reside justamente na impossibilidade de resposta definitiva, num jogo de perspectivas que revela a genialidade de Machado como analista da alma humana.

No capítulo de abertura de Dom Casmurro, Machado de Assis apresenta de forma imediata o tom do romance: uma narrativa em primeira pessoa, marcada pela ironia, pelo diálogo direto com o leitor e pela tentativa de justificação do narrador. Aqui, Bento Santiago explica a origem do título de sua obra e de seu apelido, « Dom Casmurro ». Esse início é fundamental porque já instaura a dúvida e a subjetividade que atravessam toda a narrativa.

« Uma noite destas, vindo da cidade para o Engenho Novo, encontrei no trem da Central um rapaz aqui do bairro, que eu conheço de vista e de chapéu. Cumprimentou-me, sentou-se ao pé de mim, [...] e acabou recitando-me versos. [...] Como eu estava cansado, fechei os olhos três ou quatro vezes; tanto bastou para que ele interrompesse a leitura e metesse os versos no bolso. [...] No dia seguinte entrou a dizer de mim nomes feios, e acabou alcunhando-me Dom Casmurro. Os vizinhos, que não gostam dos meus hábitos reclusos e calados, deram curso à alcunha, que afinal pegou. [...]
Não consulte dicionários. Casmurro não está aqui no sentido que lhe dão, mas no que lhe pôs o vulgo de homem calado e metido consigo. Dom veio por ironia, para atribuir-me fumos de fidalgo. Tudo por estar cochilando! Também não achei melhor título para a minha narração; se não tiver outro daqui até o fim do livro, vai este mesmo. O meu poeta do trem ficará sabendo que não lhe guardo rancor. »
(p. 177)

Esse trecho inicial é impactante porque condensa algumas das principais características do romance. O narrador, ao explicar o apelido de « Dom Casmurro », já demonstra sua tendência à autojustificação e ao mesmo tempo à ironia, marcas centrais de sua voz narrativa. A escolha do título não é apenas uma anedota, mas um recurso literário: desde o começo, o leitor é convidado a desconfiar do narrador e a perceber que sua versão da história será marcada por subjetividade e possíveis distorções. Assim, Machado estabelece logo de saída o jogo ambíguo entre verdade e interpretação que sustenta a trama.

A presente edição brasileira foi publicada pela Abril Cultural em 1982. O volume apresenta encadernação em capa dura de tom verde-escuro, com inscrições e ornamentos dourados, que conferem aspecto luxuoso e duradouro. O miolo reúne os dois romances em versão integral, acompanhado de notas editoriais e aparato introdutório, destinados a tornar a leitura acessível tanto ao público geral quanto ao estudioso. As folhas de guarda estão impressas em tom esverdeado, preservando-se em bom estado, e há presença do marcador de fita original.

A encadernação permanece firme, com lombada íntegra e ornamentos dourados bem preservados. As guardas estampadas encontram-se íntegras e bem preservadas, e o marcador de fita mantém-se presente. Cortes lateral e inferior limpos e corte superior com douração preservada. Sem assinaturas, carimbos ou marcações. 1982.

IDIOMA
Português

DIMENSÕES
Altura: 23cm
Largura: 16cm

ESTADO DE CONSERVAÇÃO

Estado de conservação: Muito bom

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