O’NEILL, Eugene (1888–1953). Longa jornada noite adentro (Abril Cultural, São Paulo, 1982).
DESCRIÇÃO
O'NEILL (Eugene) [1888-1953].— Eugene O'Neill // Longa // Jornada // Noite // Adentro // Tradução de Helena Pessoa // [Marca do editor: árvore estilizada dentro de um retângulo] // 1982 // EDITOR: VICTOR CIVITA.— In-12.º., XXV, 199, [2] p. E. editorial.
Eugene O’Neill, principal renovador do teatro norte-americano no século XX e único dramaturgo do país a receber o Prêmio Nobel de Literatura, construiu uma obra marcada pelo exame impiedoso da família, da culpa e da impossibilidade de redenção em um mundo dominado pelo álcool, pela frustração e pelos fracassos íntimos. Longa Jornada Noite Adentro (escrito em 1941, publicado postumamente em 1956) é talvez sua peça mais célebre e mais dolorosamente autobiográfica: nela, o núcleo familiar dos Tyrone — fortemente inspirado na própria família O’Neill — atravessa, ao longo de um único dia, um lento mergulho em recriminações, confissões e tentativas fracassadas de afeto, num movimento em que amor e ressentimento se confundem.
No trecho selecionado, Edmund descreve a experiência da névoa como um refúgio extremo, um « outro mundo » em que a realidade se torna irreal e a própria vida pode esconder-se de si. A imagem da neblina, que apaga contornos, vizinhança e ruídos, funciona como metáfora da fuga: é o desejo de desaparecer dentro de um espaço intermediário, onde verdade e mentira deixam de se distinguir e onde o sujeito pode suspender, por instantes, a consciência dolorosa de si mesmo. A passagem condensa, em tom lírico e sombrio, o conflito central da peça: a impossibilidade de suportar a lucidez e, ao mesmo tempo, a culpa de querer escapar dela.
« A névoa estava onde eu queria estar. No caminho, a alguns passos daqui, não se podia ver esta casa. Nem se adivinhava sequer a sua presença. Nem tampouco a das outras casas da avenida. Só se podia distinguir alguma coisa a poucos metros de distância. Não encontrei vivalma... Tudo era irreal. Até o menor ruído. Nada parecia ser o que realmente é. Era isto que eu desejava. Estar a sós comigo mesmo num outro mundo, onde a verdade é mentira, e a vida pode ocultar-se de si mesma. »
(p. 148).
A edição da Abril Cultural publica Longa Jornada Noite Adentro em tradução de Helena Pessoa, a partir do texto original Long Day’s Journey Into Night. O copyright desta edição é de 1980 (Abril S.A. Cultural e Industrial), com o texto publicado mediante autorização de Yale University (Nova York) e de Artes Gráficas Indústrias Reunidas S.A., Rio de Janeiro, e com direitos autorais de 1955 detidos por Carlotta Monterey O’Neill. A tradução é dada à estampa sob licença de Artes Gráficas Indústrias Reunidas S.A. O volume inclui ainda uma seção introdutória ilustrada, intitulada « Vida e Obra de Eugene O’Neill », que apresenta fotografias de montagens teatrais e um ensaio crítico sobre a trajetória do dramaturgo. A capa é de Rosângela Lopes Lourenço, e as guardas reproduzem uma cena de Longa Jornada Noite Adentro com Ronald Pickup, Laurence Olivier, Constance Cummings e Denis Quilley.
Exemplar em muito bom estado geral. Capa dura em tom marrom escuro, com moldura e títulos dourados bem preservados, sem perdas significativas. Lombada firme, sem folgas, com douração nítida, bem preservada, apenas com pequenos pontos de desbotamento. Guardas ilustradas íntegras e preservadas. Miolo limpo e coeso, apresentando apenas amarelecimento homogêneo das páginas, compatível com a idade, e pequenos pontos de oxidação nos cortes. Fita de leitura original presente. Sem assinaturas, carimbos ou marcações. 1982.
IDIOMA
Português
DIMENSÕES
Altura: 17 cm
Largura: 12 cm



