LOT 1494

LA BRUYÈRE, Jean de (1639–1696). Maximes et réflexions morales (Imprimerie de Monsieur, Paris, 1781).

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R$ 4.800,00
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LA BRUYÈRE, Jean de (1639–1696). Maximes et réflexions morales (Imprimerie de Monsieur, Paris, 1781).
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DESCRIÇÃO

LA BRUYERE (Jean de) [1639–1696].— MAXIMES // ET // RÉFLEXIONS // MORALES, // EXTRAITES // DE LA BRUYERE. // [Vinheta xilográfica ornamental, com figura central estilizada coroada, ladeada por elementos em aspa e circundada por raios decorativos] // A PARIS, // DE L'IMPRIMERIE DE MONSIEUR // [Dupla filete ornamental horizontal] // M. DCC. LXXXI.— In-16.º., LX, 195 p. E. de luxo.

Jean de La Bruyère, um dos grandes moralistas franceses do século XVII, tornou-se célebre pela precisão com que observou e criticou os costumes de sua época. Em Les Caractères, obra da qual se originam as máximas reunidas neste volume, o autor revela um olhar perspicaz e muitas vezes implacável sobre a natureza humana, examinando suas contradições, vaidades, ilusões e grandezas com uma elegância literária que atravessou séculos. Sua escrita, ao mesmo tempo clássica e aguda, consolidou-o como figura essencial da tradição moral francesa.

Este exemplar apresenta « Maximes et Réflexions Morales », cuidadosamente extraídas de Les Caractères. A organização segue o modelo tradicional das edições francesas antigas: capítulos temáticos como De l’Homme, Du Cœur, De la Société, Des Femmes, De la Cour, Des Jugemens, De la Mode, De la Religion, Des Ouvrages de l’Esprit, entre outros, cada qual contendo reflexões numeradas. As máximas são breves, diretas e profundas — forma literária típica dos moralistas clásicos — permitindo ao leitor um contato imediato com o núcleo filosófico do pensamento de La Bruyère.

Entre as passagens notáveis deste volume, destaca-se a máxima n.º 24 da seção De l’Homme, que condensa com clareza a visão crítica e existencial do autor:

« Il n’y a pour l’homme que trois évènements, naître, vivre et mourir : il ne se sent pas naître, il souffre à mourir, et il oublie de vivre. »
(p. 9).

Inserida no capítulo que examina a condição humana, essa reflexão evidencia a ironia trágica e a lucidez que fazem de La Bruyère um dos retratistas mais brilhantes do espírito humano. O homem — sugere o autor — está tão tomado pelos extremos de sua existência que esquece aquilo que lhe seria mais essencial: a própria vida.

Edição parisiense impressa na oficina De l’Imprimerie de Monsieur, estabelecimento conhecido por sua ligação oficial ao irmão do rei, então intitulado Monsieur — circunstância característica da produção tipográfica pré-Revolução. O volume apresenta capitulares ornadas, vinhetas florais delicadas, divisores tipográficos, composição clara e, ao final, « Notice sur la personne et les écrits de La Bruyère » seguida de « Table des Matières » completa.

O exemplar recebeu posteriormente encadernação de luxo inglesa, executada por Sangorski & Sutcliffe (Londres, séc. XX), uma das casas de encadernação mais prestigiosas do mundo, célebre por trabalhos em couro fino e acabamento de altíssimo padrão. Encadernação plena em couro fino (possivelmente marroquim) em tom caramelo, com cinco nervuras verdadeiras na lombada, títulos e data dourados a ferro, e filetes dourados contínuos que percorrem as extremidades das capas e também ornamentam a face interna das pastas em dupla linha, formando requadro clássico e elegante, detalhe de acabamento característico de encadernação de atelier. Acabamento limpo e regular nas bordas, cabeceado costurado manualmente em verde e amarelo. O corte superior apresenta douração integral, enquanto os cortes frontal e inferior permanecem limpos e predominantemente regulares, conferindo aspecto nobre sem exagero decorativo — combinação especialmente apreciada em exemplares destinados à leitura de mão e coleção refinada.

Conservação muito boa, sólida e estruturalmente íntegra. Miolo limpo, páginas firmes, papel com envelhecimento homogêneo e agradável, sem manchas relevantes, com alguns pequenos e leves pontos de oxidação, sobretudo nas primeiras e últimas páginas. Na guarda posterior, há pequena fissura com perda mínima de papel na dobra — discreta, estável e sem impacto estrutural. Apresenta, ainda, leve esmaecimento do couro na face anterior — desgaste natural do couro pelo tempo — e pequenas fissuras superficiais no encontro da lombada com as pastas, junto aos capitais superior frontal e posterior, sem comprometimento estrutural nem perda da solidez da encadernação. O volume mantém toda a elegância material: vinhetas nítidas, capitulares intactas, impressão clara e uniforme, equilíbrio estético entre couro, douração e proporção do bloco.

Uma peça de coleção que combina conteúdo clássico, tipografia do Antigo Regime e encadernação de ateliê histórico, reunindo raridade, presença estética e valor bibliográfico. Exemplar para bibliotecas de humanidades, bibliófilos de moralistas franceses ou para quem cultiva o livro como objeto de arte. Sem assinaturas, carimbos ou marcações. 1781.

IDIOMA
Francês

DIMENSÕES
Altura: 12,5 cm
Largura: 8,5 cm

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