La Religion vengée: poëme en dix chants

François-Joachim de Pierre de Bernis

À Parme, Dans Le Palais Royal [Bodoni]

1795

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Descrição Completa

BERNIS (François-Joachim de Pierre de) [1715–1794].— LA // RELIGION // VENGÉE // POËME // EN DIX CHANTS. // À PARME // DANS LE PALAIS ROYAL // MDCCXCV.— In-8.º., [xxviii], 248 p. E. editorial em papel marmorizado, com lombada e cantos em pele.

François-Joachim de Pierre, cardeal de Bernis, foi um destacado diplomata, eclesiástico e poeta francês. Nascido em Saint-Marcel-d’Ardèche, em 1715, em uma família nobre porém empobrecida, teve sua ascensão patrocinada por Madame de Pompadour, cuja influência junto a Luís XV o conduziu a importantes cargos diplomáticos e eclesiásticos. Famoso por seu espírito refinado e por sua vida mundana, Bernis destacou-se tanto pela habilidade política quanto pela elegância literária.

Como embaixador da França junto à Santa Sé, teve papel decisivo nas negociações que levaram à supressão da Companhia de Jesus (1773) e, mais tarde, tornou-se um dos opositores às políticas anticlericais que antecederam e acompanharam a Revolução Francesa.

Sua obra mais extensa e influente, La Religion vengée, foi publicada postumamente em 1795, pela prestigiosa tipografia de Giambattista Bodoni, em Parma.

La Religion vengée é um poema didático e apologético em dez cantos, composto em versos alexandrinos. Nela, Bernis defende a fé e a moral cristã contra o racionalismo filosófico e o materialismo ilustrado, estruturando o texto como uma resposta poética à filosofia das Luzes e às doutrinas que, segundo o autor, ameaçavam a integridade espiritual e moral da Europa moderna.

A composição revela a erudição clássica de Bernis, combinando o vigor do pensamento teológico com o ritmo solene da poesia neoclássica. Sua linguagem é harmoniosa, elevada e impregnada de idealismo moral. À época, a obra foi recebida como um manifesto de restauração espiritual e de fidelidade à tradição católica, situando-se entre os grandes poemas religiosos do final do século XVIII.

O cardeal de Bernis expõe, sob a forma de um poema épico-teológico, a queda do homem e a defesa da fé contra os excessos da razão moderna. Nos primeiros versos do Chant Premier, o autor traça uma síntese poética da criação, da inocência original e da perda da imortalidade, em uma linguagem elevada que combina rigor teológico e elegância clássica:

« Dieu créa l’ange et l’homme innocents et parfaits,
Pour partager entre eux sa gloire et ses bienfaits;
Les habitants du ciel, substances immortelles,
Eurent pour compagnon l’homme, immortel comme elles.
Mais l’orgueil perdit l’ange, et l’ange révolté
Nous enleva le don de l’immortalité!
Telle fut, ô mortels! notre noble origine,
Telle fut notre chute et l’affreuse ruine
Qu’entraîna le progrès de la première erreur. »
(pp. 7–8).

Este exemplar foi apresentado pela Livraria Castro e Silva (Lisboa) no Salon du Livre Rare (Paris, 2013) e figura no catálogo oficial da feira sob o número 10 (Catálogo Paris 2013, p. 4–5), com a seguinte nota de procedência:

« Exemplar com dedicatória de oferta de D. Domingos de Sousa Coutinho (1760–1833) ao núncio papal em Lisboa D. Lorenzo Caleppi (1741–1817), datada de Londres, 1808. »

O contexto histórico dessa dedicatória é de singular relevância. D. Domingos de Sousa Coutinho, ministro plenipotenciário de Portugal em Londres, desempenhou papel decisivo nas negociações que garantiram à corte portuguesa a proteção da marinha britânica durante a transferência para o Brasil (1807–1808). Em contrapartida, foi responsável pela abertura dos portos brasileiros à frota inglesa, medida estratégica que viabilizou o rompimento do Bloqueio Continental imposto por Napoleão.

D. Lorenzo Caleppi, núncio papal em Lisboa e, posteriormente, no Rio de Janeiro, teve atuação igualmente notável, mediando as relações diplomáticas entre a Santa Sé e o governo português no exílio. Foi nomeado primeiro núncio papal geral para a América — nomeação inédita que criou um precedente histórico e viria a facilitar o reconhecimento papal da independência do Brasil.

O exemplar, oferecido por Sousa Coutinho a Caleppi em Londres, em 1808, adquire, assim, valor histórico excepcional, simbolizando o encontro entre a diplomacia portuguesa e a autoridade eclesiástica romana num momento decisivo da história luso-brasileira. Mais do que uma obra literária, constitui um documento político e diplomático de primeira ordem, testemunho material de um elo entre fé, poder e história.

Esta é a primeira edição da obra, exemplar de notável qualidade gráfica e estética, verdadeiro testemunho do auge da arte tipográfica neoclássica. A impressão bodoniana distingue-se pela pureza dos caracteres, pela exatidão das margens e pela luminosidade do papel. O volume apresenta encadernação original em papel marmorizado, com lombada e cantos em pele, impresso sobre magnífico papel de linho calandrado, de textura firme e coloração clara — características típicas das edições de Bodoni destinadas à elite literária e diplomática da época. A composição segue o cânone de elegância tipográfica de Parma, com capitulares bem proporcionadas e tipologia romana de traço fino e harmônico, conferindo à obra sobriedade e equilíbrio exemplares.

A encadernação, em papel marmoreado policromo com lombada e cantos em pele, é típica das edições de luxo do final do século XVIII. As guardas marmoreadas exibem um belo padrão de veios e gotas em tons de azul, carmim e sépia, em plena harmonia com o conjunto. A impressão é nítida e regular, typis Bodonianis, sobre papel de linho de alta gramatura, de superfície acetinada e tonalidade marfim clara. Nas folhas de guarda, observam-se anotações manuscritas a lápis, com numerações antigas de inventário — indícios de proveniência e catalogação erudita. Trata-se de uma impressão de alta tipografia bodoniana, conforme descrita por Brooks (The Works of Giambattista Bodoni, n.º 606). O exemplar corresponde integralmente ao descrito no catálogo da Livraria Castro e Silva (Paris, 2013, item n.º 10) e foi apresentado no Salon du Livre Rare (Paris) como peça representativa da excelência técnica e histórica das edições Bodoni.

O exemplar encontra-se em bom estado de conservação, notável considerando sua idade e raridade. A lombada e os cantos apresentam desgaste leve, com pequenas perdas superficiais no couro. O papel marmoreado conserva cores vivas e uniformes, com alguns pontos de desgaste, sobretudo nas extremidades. O miolo está íntegro, com cortes limpos, papel firme e bem preservado, mantendo impressão homogênea e legível. Há apenas discretos pontos de oxidação e escurecimento marginal leve, típicos da época. As costuras permanecem firmes, e a encadernação mantém estrutura sólida, preservando integralmente o caráter original da edição. 1.ª edição, 1795.

IDIOMA
Francês

DIMENSÕES
Altura: 17 cm
Largura: 11,5 cm

ESTADO DE CONSERVAÇÃO

Estado de conservação: Bom

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