PROUST, Valentin Louis Georges Eugène Marcel (1871–1922). Contre Sainte-Beuve (Gallimard, Paris, 1971).
PROUST (Valentin Louis Georges Eugène Marcel) [1871-1922].— MARCEL PROUST // Contre // Sainte-Beuve // précédé de // Pastiches et mélanges // et suivi de // Essais et articles // ÉDITION ÉTABLIE PAR PIERRE CLARAC // AVEC LA COLLABORATION D’YVES SANDRE // [logotipo « nrf » em vermelho] // GALLIMARD.— In-12.º., X, 1022, [2] p. E. editorial.
Marcel Proust é um dos autores decisivos da modernidade literária. Sua obra, centrada na memória, na percepção e na forma do romance, redefiniu a crítica e a autobiografia ficcional. Em Contre Sainte-Beuve, Proust trava um debate de fôlego com a crítica biográfica do século XIX — particularmente com Sainte-Beuve — para defender que o escritor verdadeiro se revela na obra, e não na vida pública ou nos documentos exteriores. O volume que o leitor tem em mãos, organizado por Pierre Clarac com a colaboração de Yves Sandre, reúne Contre Sainte-Beuve ao lado dos célebres Pastiches et mélanges e de um amplo conjunto de Essais et articles, oferecendo um panorama completo do laboratório intelectual que desembocará em À la recherche du temps perdu.
Em Contre Sainte-Beuve, Proust confronta a tradição crítica biográfica de Sainte-Beuve, segundo a qual a compreensão de uma obra depende do conhecimento da vida do autor. Contra essa perspectiva, Proust afirma que o verdadeiro escritor não se revela na esfera pública, mas em um « eu profundo »”, acessível apenas pela arte. A obra, escrita entre 1895 e 1900 e publicada postumamente, antecipa os temas e a estrutura de À la recherche du temps perdu: a memória involuntária, o tempo interior e a criação estética como via de revelação da verdade pessoal. Ao lado dos Pastiches et mélanges e dos Essais et articles, o volume revela o processo de formação do pensamento proustiano e a gênese de uma das realizações literárias mais decisivas do século XX, como se lê no célebre trecho:
« Je sentais un bonheur qui m’envahissait, et que j’allais être enrichi d’un peu de cette pure substance de nous-même qu’est une impression passée, de la vie pure conservée pure (et que nous ne pouvons connaître que conservée, car au moment où nous la vivons, elle ne se présente pas à notre mémoire, mais au milieu des sensations qui la suppriment) et [qui] ne demandait qu’à être délivrée, qu’à venir accroître mes trésors de poésie et de vie. Mais je ne sentais pas la puissance de la délivrer. J’avais peur que ce passé m’échappât. »
(pp. 112-113).
O autor descreve o instante em que o passado, subitamente, se liberta do tempo e se transforma em arte. A memória involuntária, assim, é para Proust o meio de reencontrar a vida em seu estado mais puro — uma verdade íntima que apenas a literatura pode revelar.
Edição parisiense da Bibliothèque de la Pléiade (Gallimard), impressa em papel Bible Bolloré, de finíssima gramatura e tom marfim, e encadernada por Babouot, em Paris. Encadernação editorial em marrom, com lombada levemente nervurada, filetes em douração e titulação em douração sobre ferrete verde-escuro; duas fitas de leitura preservadas. Exemplar muito bem preservado: encadernação firme e homogênea, nervuras discretas e filetes em douração nítidos; capitais com toques de uso discretos; leves desgastes nas extremidades da lombada e nas quinas da capa, com pequenas fissuras no revestimento, compatíveis com a idade e o manuseio. Cortes bem preservados, sem folgas ou deformações; miolo limpo, flexível e uniforme, sem manchas relevantes de oxidação; paginação completa e bem legível; guardas íntegras, com escurecimento compatível com o tempo. Sem assinaturas, carimbos ou marcações. 1971.
IDIOMA
Francês
DIMENSÕES
Altura: 17,5 cm
Largura: 11 cm