Discours sur l’Histoire Universelle… [Première Partie]; Suite de l’Histoire Universelle… [Seconde Partie].

Jacques-Bénigne Bossuet

Chez David

1766

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R$ 12.800,00
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Descrição Completa

BOSSUET (Jacques-Bénigne) [1627–1704]; ANÔNIMO [séc. XVIII].— DISCOURS // SUR // L’HISTOIRE // UNIVERSELLE, // A MONSEIGNEUR // LE DAUPHIN : // Pour expliquer la suite de la religion, // & les changemens des empires. // PREMIERE PARTIE, // Depuis le commencement du monde jusqu’à l’empire // de Charlemagne. // Par messire JACQUES-BENIGNE BOSSUET, // évêque de Meaux, &c. // NOUVELLE ÉDITION. // [ornamento tipográfico] // A PARIS, // Chez DAVID, rue des Mathurins, à la Plume d’or. // [——] //  M. DCC. LXVI. // AVEC PRIVILEGE DE SA MAJESTÉ. // SUITE // DE // L’HISTOIRE // UNIVERSELLE // DE MONSIEUR // L’ÉVÊQUE DE MEAUX, // Depuis l’an 800 de notre Seigneur, // jusqu’à l’an 1700 inclusivement. // SECONDE PARTIE. // NOUVELLE ÉDITION. // [ornamento tipográfico central] // A PARIS, // Chez DAVID, rue des Mathurins, à la Plume d’or; // [——] // M. DCC. LXVI. // AVEC PRIVILEGE DE SA MAJESTÉ.— In-12.º., 2. (Vol. I, 426 p.; Vol. II, X, 118 p.). E. editorial plena em couro.

Trata-se de uma edição de luxo da célebre obra de Jacques-Bénigne Bossuet, bispo de Meaux, pregador da corte de Luís XIV e membro da Academia Francesa — uma das figuras mais eruditas e influentes do pensamento cristão e político do século XVII. Estudoy teologia em Paris (Collège de Navarre) e destacou-se por sua eloquência teológica e pela defesa da ortodoxia católica frente ao protestantismo e ao jansenismo. Sua concepção de poder real, fundada na ideia de que toda autoridade procede de Deus, fez dele um dos principais teóricos do absolutismo católico francês. Contudo, sua obra transcende a política: nela, história e teologia se unem numa visão providencial que busca compreender o curso dos impérios e das religiões como expressão do plano divino. Bossuet é lembrado também como um dos maiores oradores sacros da língua francesa, autor das célebres Oraisons funèbres, que modelaram o estilo retórico clássico do século XVII.

O Discours sur l’Histoire Universelle é considerado uma das pedras angulares da historiografia teológica moderna. Publicada pela primeira vez em 1681, a obra foi escrita para instrução moral e política do Delfim, herdeiro do trono francês. Bossuet propõe uma leitura da humanidade à luz da Providência divina, integrando a história sagrada — da Criação à vinda de Cristo — com a história profana, dos impérios antigos até Carlos Magno. Para ele, a história é uma escola de sabedoria: nela o homem descobre os desígnios de Deus e os princípios que regem o destino dos povos. Essa visão exerceu profunda influência sobre o pensamento histórico e político da França clássica, inspirando gerações de teólogos, educadores e estadistas.

A Suite de l’Histoire Universelle, publicada postumamente e incluída nesta edição, continua o relato até o final do século XVII. Baseada em materiais do próprio Bossuet, foi completada por discípulos próximos e revisada para conservar o tom e a estrutura moral do original.

Logo na abertura da obra, Bossuet exprime o princípio formador que guia toda a sua visão da história:
« Quand l’histoire seroit inutile aux autres hommes, il faudroit la faire lire aux princes. » (p. 5).

Essa frase, uma das mais citadas de Bossuet, sintetiza a dimensão pedagógica e política de sua obra: a história como espelho do poder e escola de prudência para os governantes.

Publicada pela prestigiada tipografia Chez David, rue des Mathurins, « à la Plume d’or », sob privilégio régio de Luís XV, esta edição integra a tradição humanista e cristã que moldou o pensamento político do Antigo Regime. Sua impressão elegante, típica da tipografia parisiense do século XVIII, e o privilégio real (avec privilège de Sa Majesté) atestam a autenticidade e o prestígio da publicação. A obra manteve-se continuamente impressa ao longo de todo o século XVIII, símbolo da formação clássica francesa e leitura essencial nas bibliotecas nobres e eclesiásticas.

Estes exemplares apresentam proveniência nobre e plenamente documentada. Cada tomo conserva, colado na guarda anterior, o mesmo ex-libris heráldico gravado em cobre — escudo de três rosas sustentado por dois anjos e timbrado por coroa condal encimada por uma cruz — pertencente ao Comte d’Antras de Gardères (Jean-Bernard-Marie d’Antras de Gardères, 1875–1940), oficial, bibliófilo e residente em Tarbes (Hautes-Pyrénées).

Catalogado pela AFCEL – Association Française pour la Connaissance de l’Ex-Libris (ref. A1714), o ex-libris é descrito como gravure sur cuivre de G. Tauriac, ativo nas décadas de 1920–1930, medindo 72 × 85 mm. A legenda indica:
« Le Comte d’Antras de Gardères / Sans regrets du Passé ny Peur de l’Avenir / Toujours les Roses Refleuriront. »

A descrição heráldica registrada pela AFCEL é:
« D’argent à trois roses de gueules boutonnées d’or posées deux en chef et une en pointe. Tenants deux anges. Couronne ducale. Deux bras tenant une croix en cimier. »

O lema « Toujours les roses refleuriront » — « Sempre as rosas voltarão a florescer » — evoca a continuidade e a resiliência da linhagem.

O gravador G. Tauriac, citado nos repertórios de Tibère Gheno e Hervé, produziu diversos ex-libris heráldicos para famílias do sudoeste francês, incluindo as ramificações Antras de Samazan e Antras de Cornac, descendentes dos antigos senhores gascões mencionados nas fontes nobiliárias regionais. O ramo de Gardères é documentado nas Mémoires de Jean d’Antras de Samazan, seigneur de Cornac (BnF, Gallica, ark:/12148/bpt6k8587519/f232.item, p. 203), o que confirma a filiação histórica e territorial da linhagem.

O conjunto formado pela edição de 1766 e pelo ex-libris gravado em cobre do conde constitui um exemplar de grande importância bibliófila. A obra, marco do pensamento histórico-teológico europeu, adquire valor adicional pela proveniência nobiliárquica autêntica e verificável, sendo testemunho raro da circulação de edições de luxo do século XVIII entre colecionadores aristocráticos franceses do início do século XX.

Dois tomos em encadernação coevo-francesa, lombadas com cinco nervos e ricos ferros florais dourados, títulos (“HISTOIRE UNIVER[S] / TOM I” e “TOM II”), bordas das capas fileteadas a ouro. As guardas são de papel marmorizado à la cuve, em tons azul-acinzentados e ocres, com cortes marmorizados no mesmo padrão, muito bem preservados. Apresentam capas firmes e coesas, com charneiras sólidas, embora se observem alguns pequenos pontos de fissuras no papel das guardas junto ao entalhe do dorso, sem perda de estrutura. Há desgastes superficiais nas bordas e cantos, escurecimento e abrasões no couro da lombada, especialmente na cabeça e no pé do dorso, compatíveis com o manuseio e a idade. O couro mantém brilho natural e textura íntegra, sem ressecamento grave. Internamente, os volumes conservam-se limpos e completos, com colação íntegra e folhas frescas, isentas de manchas expressivas. Exemplar de notável interesse para colecionadores de filosofia, teologia, história e pensamento político francês. Paris, 1766.

IDIOMA
Francês

DIMENSÕES
Altura: 16 cm
Largura: 9,5 cm

ESTADO DE CONSERVAÇÃO

Estado de conservação: Muito bom

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