Lettres de mon moulin

DAUDET (Alphonse) [1840–1897]. — ALPHONSE DAUDET // LETTRES // DE // MON MOULIN // Illustrations de // José Roy et G. Fraipont // [ornamento: canhão dentro de um círculo, emblema da editora Jean de Bonnot] // A PARIS, au 7 du faubourg St-Honoré // près la nouvelle église de La Madeleine // CHEZ JEAN DE BONNOT // tenant négoce de librairie à l'enseigne du canon // [———] // 1976. — In-8.º., 290, [4] p. E. editorial de luxo.

Lettres de mon moulin é uma das obras mais conhecidas do escritor francês Alphonse Daudet, publicada pela primeira vez em 1869. Trata-se de uma coletânea de contos inspirados em suas estadias na Provença, escritos em tom poético e melancólico, mas também com forte caráter moral. As histórias capturam costumes, paisagens e sentimentos do sul da França, num estilo que une lirismo, simplicidade e profundidade humana.

Daudet, integrante do realismo francês, foi também romancista, dramaturgo e cronista, tendo alcançado grande notoriedade em vida. Nesta obra em particular, ele entrelaça observação social, imaginação literária e tradição oral, criando um conjunto que se tornou parte fundamental do patrimônio cultural francês.

Entre os contos mais célebres está La Chèvre de Monsieur Seguin, história de forte carga simbólica e moral. Em seu desfecho trágico, encontramos um dos trechos mais pungentes da obra:

« —Oh ! pourvu que je tienne jusqu’à l’aube…
L’une après l’autre, les étoiles s’éteignirent. Blanquette redoubla de coups de cornes, le loup de coups de dents… Une lueur pâle parut dans l’horizon... Le chant d’un coq enroué monta d’une métairie.
— Enfin ! dit la pauvre bête, qui n’attendait plus que le jour pour mourir… »
(p. 54)

Essa passagem, além de sua beleza literária, encerra uma profunda reflexão sobre a luta contra a adversidade e a busca pela liberdade, ainda que esta conduza ao sacrifício. Daudet, por meio da cabra Blanquette, expressa a condição universal do ser humano diante da vida e da morte: a resistência, mesmo quando a derrota é inevitável, se torna uma forma de vitória moral.

Jean de Bonnot é reconhecido como um dos mais notáveis editores franceses de luxo do século XX. Suas edições não são apenas livros, mas verdadeiros objetos de arte: encadernações em couro trabalhado, papéis de alta gramatura, tipografia elegante e detalhes como cortes dourados e guardas marmorizadas, que transformam cada volume em uma peça única.

Este exemplar de Lettres de mon moulin é um exemplo perfeito dessa tradição. O acabamento primoroso, as marcas-d’água, ilustrações, a tiragem especial e a assinatura do editor atestam a raridade e o valor do volume. Trata-se de um exemplar concebido não só para ser lido, mas para ser apreciado como obra de arte.

Encadernação editorial de luxo, plena pele creme, com rica gravação em relevo na capa (motivos frutíferos e aves) e lombada ornamentada a ouro com título, nome do autor e ilustração de moinho em etiqueta vermelha com douração. Corte superior dourado preservado, fita de marcação em tecido, guardas em papel marmorizado azul e dourado. Edição em papel de alta gramatura com marcas-d’água artísticas em várias folhas. Exemplar de tiragem especial, « exemplaire de tête », com carimbo editorial Tirage spécial e assinatura de Jean de Bonnot. Ex-libris impresso da editora em uma das folhas preliminares, apresentando um moinho de vento em preto e branco, alusivo ao título da obra (« Lettres de mon moulin »)

Ilustrado com gravuras em preto e branco de José Roy e G. Fraipont, que dialogam com os textos. Impressão tipográfica primorosa, com excelente legibilidade. Exemplar limpo, lombada e encadernação sólidas, cortes intactos, com páginas bem conservadas. Pequenos e leves sinais de manuseio na lombada e na capa e discretas manchas nas guardas, compatíveis com a idade da obra. Sem assinaturas, carimbos ou marcações. 1976.

IDIOMA
Francês

DIMENSÕES
Altura: 21cm
Largura: 14,5cm