CERVANTES, Miguel de (1547–1616). Don Quichotte de la Manche · Nouvelles exemplaires (Gallimard, Paris, 1984).
CERVANTES SAAVEDRA (Miguel de) [1547-1616).— CERVANTES // L’Ingénieux Hidalgo // Don Quichotte // de la Manche // Nouvelles // exemplaires // TEXTES TRADUITS PAR JEAN CASSOU, // CÉSAR OUDIN ET FRANÇOIS ROSSET // PRÉSENTATION ET ANNOTATION // DE JEAN CASSOU // [Ornamento tipográfico: monograma « nrf » em vermelho, marca da Nouvelle Revue Française] // GALLIMARD.— In-12.º., 1597, [2] p. E. editorial em couro.
Miguel de Cervantes Saavedra é uma das figuras centrais da literatura universal. Autor de El ingenioso hidalgo Don Quijote de la Mancha (1605–1615), transformou a tradição cavaleiresca em paródia e meditação sobre a condição humana. Sua ironia e profundidade moral inauguraram o romance moderno, com personagens cuja lucidez e delírio refletem as contradições da modernidade nascente. Além do Dom Quixote, Cervantes escreveu peças teatrais e as Novelas ejemplares (1613), modelo de narrativa breve que conjugam engenho, humor e lição ética.
Esta edição — L’Ingénieux Hidalgo Don Quichotte de la Manche / Nouvelles exemplaires — integra a Bibliothèque de la Pléiade (Gallimard) e foi traduzida por Jean Cassou, César Oudin e François Rosset, com apresentação e anotações de Cassou. O volume reúne as duas partes do Don Quichotte, acompanhadas das Nouvelles exemplaires, entre elas La Petite Gitane, Rinconete et Cortadillo, L’Espagnole Anglaise e Le Mariage Trompeur. O conjunto articula a aventura paródica do cavaleiro errante à prosa moral das novelas, revelando a amplitude da obra de Cervantes e sua influência decisiva na literatura europeia.
« Je ne suis point enchanté, ni ne le puis être par de bonnes raisons, c’est elle qui est l’enchantée, l’offensée, la métamorphosée, la changée et rechangée, et sur elle mes ennemis se sont vengés de moi, et c’est pour elle que je vivrai en perpétuelles larmes, jusqu’à ce que je la voie remise en son premier état. »
(pp. 764-765).
No trecho acima, Dom Quixote reafirma sua crença no encantamento de Dulcineia, vítima imaginária dos inimigos que o perseguem. Sua loucura se converte em fidelidade absoluta — o cavaleiro reconhece o sofrimento, mas o transforma em promessa de devoção eterna. A passagem condensa a poética do idealismo cervantino, em que a dor se transmuta em sentido e a ilusão sustenta a dignidade do sonhador.
Encadernação editorial clássica da Pléiade, em couro marrom, firme e homogênea, com filetes e titulação dourada na lombada. Douração da lombada preservada, apresentando apenas leves pontos de desbotamento nas extremidades superior e inferior. Guardas íntegras e conservadas. Corte superior com tingimento desbotado. Leve escurecimento natural do papel nas bordas e pequenos pontos de oxidação - sobretudo nos cortes, guardas e nas primeiras e últimas páginas, sem prejudicar a leitura. Miolo completo, limpo e flexível, sem rasuras. Duas fitas de leitura originais presentes. Sem assinaturas, carimbos ou marcações. 1984.
IDIOMA
Francês
DIMENSÕES
Altura: 17,5 cm
Largura: 11 cm